Traficante confessa ter pagado R$3 mil para agente da prefeitura morto em Valéria
Em depoimento o traficante confessou a quantia paga pelos serviços de advocacia que recebia. Na segunda (28) familiares e amigos serão ouvidos pela polícia
27.11.2011 | Atualizado em 27.11.2011 - 18:09
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Foto: Polícia Civil
[Tiago, o Mil, está preso desde agosto / Foto: Polícia Civil]
Tiago, o Mil, está preso desde agosto
Da Redação
O traficante Tiago Bispo da Silva, o “Mil”, de 23 anos, confessou à delegada Clelba Regina, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que estava recebendo serviços de advocacia e que adiantou R$ 3 mil ao agente Marcos Vinicius Santos Souza, 38 anos, que também era estudante de Direito, para tirá-lo da prisão. Marcos foi executado com o colega Itamar de França Nascimento, 28, na sexta-feira (25), no bairro de Valéria. Segundo a Polícia, familiares das vítimas, novas testemunhas do caso e outras pessoas que tinham relação com as vítimas serão ouvidas no DHPP nesta segunda-feira (28).
A delegada Clelba autuou Tiago em flagrante como mandante das mortes dos agentes de endemias do Instituto Zoonose, órgão da Prefeitura de Salvador. Tiago nega o crime, mas confirmou que a família contratou Marcos para atendê-lo depois que foi flagrado com carros roubados.
Segundo a polícia, em depoimento ele afirmou seus familiares também acreditavam que Marcos era advogado, com condições de tirá-lo da custódia da carceragem no Complexo Policial da Baixa do Fiscal, onde permanece preso desde agosto, acusado de liderar uma quadrilha de roubo de carros em Salvador e conexões em Feira de Santana.
Os corpos dos dois agentes de Combate a Endemias da prefeitura de Salvador foram enterrados no final da tarde de ontem, no cemitério Campo Santo, na Federação.
Versão da família
Apesar de a polícia ter informado que as duas vítimas fingiam ser advogados de Tiago e que ao serem descobertas teriam sido executadas, familiares e amigos dos agentes estiveram na manhã deste sábado (26) no Instituto Médico-Legal (IML) e negaram que os rapazes praticassem a farsa. Segundo o advogado Ciro Brito, Marcos cursava o 7º semestre da Faculdade Maurício de Nassau, era estagiário dele e costumava ser pago por cada cliente indicado.
“Marcos era meu amigo e estagiava para mim. Eu remunerava ele por cada indicação. Até que se prove o contrário, ele era pastor e um rapaz honesto. O Tiago foi indicação dele, mas o advogado sou eu. Marcos não tinha nada a ver e indicou porque Tiago era um vizinho e conhecia a família dele”, contou o advogado. Ainda segundo o advogado, não houve nenhum pagamento de Tiago, preso na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) por roubo de carros, pelos serviços. “A família dele é pobre e ainda não me pagou nada. Eu fiquei surpreso com o crime, mas não descarto a possibilidade de Tiago ter ordenado”.
A polícia chegou a Tiago por indicação de um familiar de Marcos, com quem o rapaz teria comentado preocupação com as ameças que recebeu. “Tiago confirmou a história, contou que os rapazes fingiram ser advogados e que ele pagou até honorários. Descobrimos também policiais que pensavam que os dois eram advogados, porque eles se apresentavam assim. Tiago não confessou o crime, mas deu a entender que foi ele o mandante. Já temos certeza disso e agora vamos descobrir os executores”, disse o delegado Antônio Cláudio Pereira.
Já o pai de Itamar, o motorista José Costa, 59, disse que o filho não estava envolvido com criminosos. “Itamar foi um menino criado dentro da igreja. Pelo menos do meu conhecimento, ele nunca teve envolvimento. Meu filho morreu sem saber o porquê”, lamentou o motorista. “Como é que ele iria se passar por advogado se ele só tinha o ensino médio? Tenho certeza que se ele soubesse que o amigo se passava por advogado, ele se afastaria. Estou revoltada. Acho que nem ele mesmo deve ter entendido essa violência toda”, acrescentou uma tia de Itamar.
O Sindicado dos Agentes de Saúde da Bahia (Sindacs), segundo o coordenador Adenilson Rangel,vai realizar uma manifestação nesta segunda-feira (28). A categoria fará uma passeata do Campo Grande até a Secretaria da Segurança Pública, exigindo mais proteção.
Execução
Marcos e Itamar foram mortos num bar na Rua Nova Brasília, em Valéria, nas proximidades da panificadora Deliane que fica no final de linha do bairro. Eles estavam trabalhando e pararam para conversar e beber refrigerante quando dois homens encapuzados, ocupando uma motocicleta vermelha, atiraram várias vezes contra as vítima com pistolas de calibres ponto 40, 380 e 9 mm.
“A informação que recebemos é que eles estavam na área a trabalho. Eram evangélicos, não tinham envolvimento com tráfico nem nada”, diz Cleber Mascarenhas Bispo, conselheiro da Associação dos Agentes de Combate as Endemias de Salvador. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informa que Marcos e Itamar foram aprovados nos concursos realizados em 2006 e 2008, respectivamente, e também eram moradores do bairro de Valéria.
Por conta do assassinato dos agentes de endemias, a Campanha de Vacinação contra a Raiva, que aconteceria neste sábado (26) em 45 bairros da cidade, foi suspensa. Uma nova data para realização da campanha nos bairros dos Distritos do Centro Histórico, São Caetano/ Valéria e Cabula/ Beirú ainda será definida. Porém, durante a semana a vacina estará sendo disponibilizada normalmente nos postos de saúde, das 08 às 17 horas.
Em depoimento o traficante confessou a quantia paga pelos serviços de advocacia que recebia. Na segunda (28) familiares e amigos serão ouvidos pela polícia
27.11.2011 | Atualizado em 27.11.2011 - 18:09
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Foto: Polícia Civil
[Tiago, o Mil, está preso desde agosto / Foto: Polícia Civil]
Tiago, o Mil, está preso desde agosto
Da Redação
O traficante Tiago Bispo da Silva, o “Mil”, de 23 anos, confessou à delegada Clelba Regina, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que estava recebendo serviços de advocacia e que adiantou R$ 3 mil ao agente Marcos Vinicius Santos Souza, 38 anos, que também era estudante de Direito, para tirá-lo da prisão. Marcos foi executado com o colega Itamar de França Nascimento, 28, na sexta-feira (25), no bairro de Valéria. Segundo a Polícia, familiares das vítimas, novas testemunhas do caso e outras pessoas que tinham relação com as vítimas serão ouvidas no DHPP nesta segunda-feira (28).
A delegada Clelba autuou Tiago em flagrante como mandante das mortes dos agentes de endemias do Instituto Zoonose, órgão da Prefeitura de Salvador. Tiago nega o crime, mas confirmou que a família contratou Marcos para atendê-lo depois que foi flagrado com carros roubados.
Segundo a polícia, em depoimento ele afirmou seus familiares também acreditavam que Marcos era advogado, com condições de tirá-lo da custódia da carceragem no Complexo Policial da Baixa do Fiscal, onde permanece preso desde agosto, acusado de liderar uma quadrilha de roubo de carros em Salvador e conexões em Feira de Santana.
Os corpos dos dois agentes de Combate a Endemias da prefeitura de Salvador foram enterrados no final da tarde de ontem, no cemitério Campo Santo, na Federação.
Versão da família
Apesar de a polícia ter informado que as duas vítimas fingiam ser advogados de Tiago e que ao serem descobertas teriam sido executadas, familiares e amigos dos agentes estiveram na manhã deste sábado (26) no Instituto Médico-Legal (IML) e negaram que os rapazes praticassem a farsa. Segundo o advogado Ciro Brito, Marcos cursava o 7º semestre da Faculdade Maurício de Nassau, era estagiário dele e costumava ser pago por cada cliente indicado.
“Marcos era meu amigo e estagiava para mim. Eu remunerava ele por cada indicação. Até que se prove o contrário, ele era pastor e um rapaz honesto. O Tiago foi indicação dele, mas o advogado sou eu. Marcos não tinha nada a ver e indicou porque Tiago era um vizinho e conhecia a família dele”, contou o advogado. Ainda segundo o advogado, não houve nenhum pagamento de Tiago, preso na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) por roubo de carros, pelos serviços. “A família dele é pobre e ainda não me pagou nada. Eu fiquei surpreso com o crime, mas não descarto a possibilidade de Tiago ter ordenado”.
A polícia chegou a Tiago por indicação de um familiar de Marcos, com quem o rapaz teria comentado preocupação com as ameças que recebeu. “Tiago confirmou a história, contou que os rapazes fingiram ser advogados e que ele pagou até honorários. Descobrimos também policiais que pensavam que os dois eram advogados, porque eles se apresentavam assim. Tiago não confessou o crime, mas deu a entender que foi ele o mandante. Já temos certeza disso e agora vamos descobrir os executores”, disse o delegado Antônio Cláudio Pereira.
Já o pai de Itamar, o motorista José Costa, 59, disse que o filho não estava envolvido com criminosos. “Itamar foi um menino criado dentro da igreja. Pelo menos do meu conhecimento, ele nunca teve envolvimento. Meu filho morreu sem saber o porquê”, lamentou o motorista. “Como é que ele iria se passar por advogado se ele só tinha o ensino médio? Tenho certeza que se ele soubesse que o amigo se passava por advogado, ele se afastaria. Estou revoltada. Acho que nem ele mesmo deve ter entendido essa violência toda”, acrescentou uma tia de Itamar.
O Sindicado dos Agentes de Saúde da Bahia (Sindacs), segundo o coordenador Adenilson Rangel,vai realizar uma manifestação nesta segunda-feira (28). A categoria fará uma passeata do Campo Grande até a Secretaria da Segurança Pública, exigindo mais proteção.
Execução
Marcos e Itamar foram mortos num bar na Rua Nova Brasília, em Valéria, nas proximidades da panificadora Deliane que fica no final de linha do bairro. Eles estavam trabalhando e pararam para conversar e beber refrigerante quando dois homens encapuzados, ocupando uma motocicleta vermelha, atiraram várias vezes contra as vítima com pistolas de calibres ponto 40, 380 e 9 mm.
“A informação que recebemos é que eles estavam na área a trabalho. Eram evangélicos, não tinham envolvimento com tráfico nem nada”, diz Cleber Mascarenhas Bispo, conselheiro da Associação dos Agentes de Combate as Endemias de Salvador. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informa que Marcos e Itamar foram aprovados nos concursos realizados em 2006 e 2008, respectivamente, e também eram moradores do bairro de Valéria.
Por conta do assassinato dos agentes de endemias, a Campanha de Vacinação contra a Raiva, que aconteceria neste sábado (26) em 45 bairros da cidade, foi suspensa. Uma nova data para realização da campanha nos bairros dos Distritos do Centro Histórico, São Caetano/ Valéria e Cabula/ Beirú ainda será definida. Porém, durante a semana a vacina estará sendo disponibilizada normalmente nos postos de saúde, das 08 às 17 horas.
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