Saúde pública
22/1/2010
Quem mora ou já morou na área, nos últimos cinco anos, deve fazer o exame de pele no próximo sábadoQuem pensa que a hanseníase é uma doença do passado se engana. Mesmo sendo muito antiga, ela ainda se propaga em Fortaleza facilmente, em especial, nas regiões onde existe indício. Preocupante é saber também que, além disso, a Capital possui áreas endêmicas da doença.
As atenções em torno do tema aqui são tantas que o Ministério da Saúde estabeleceu Fortaleza como um dos municípios prioritários para o controle da doença. Para se ter ideia da gravidade do problema, são diagnosticados, em média, 800 novos casos por ano na Capital. E é que o índice de realização de exames ainda é considerado baixo pelos órgãos competentes. Vale ressaltar que Fortaleza registra endemia nos bairros de responsabilidade da Secretaria Executiva Regional (SER) V.
Para o titular da Secretaria Municipal de Saúde, Alex Mont’Alverne, “a situação é vergonhosa. Gostaria de ver todos os profissionais de saúde indignados com esse números. Ainda não trabalhamos com condições ideais. Temos muita dificuldade de atendimento e diagnóstico nos postos, mas precisamos mudar essa situação.
Até mesmo os profissionais têm preconceito e desconhecem a doença”.
Até a próxima segunda, Dia Mundial de Combate à Hanseníase, serão realizadas ações preventivas em Fortaleza. Desde a semana passada, 129 agentes comunitários têm saído a campo para convidar os moradores da Regional V para se fazerem presentes à realização de exames amanhã.
Nesse dia, das 17h às 19h, dez Centros de Saúde da Família (CSF) estarão realizando testes de pele. Todas as pessoas que moram ou já moraram na área endêmica, nos últimos cinco anos, precisam ser examinadas. Espera-se que sejam realizados, pelo menos, mil exames.
Facilmente confundida com outras doenças de pele como “pano-branco”, a hanseníase, muitas vezes, demora a ser diagnosticada. Por isso, tem preocupado bastante os órgãos de saúde. Quanto mais tardio é o tratamento, maiores são a gravidade e os danos da doença, como lesões severas na pele, nos nervos e nos membros e até invalidez, apesar de não levar a óbito.
Objetivos
As metas da Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à doença são bem claras: curar 90% dos pacientes diagnosticados e diminuir em 10% o número de casos em crianças e adolescentes menores de 15 anos, nas regiões endêmicas.
A coordenadora do Programa Nacional de Controle da Hanseníase e representante da OMS no Brasil, Maria Leide Oliveira, está em Fortaleza para realizar, em parceira com o projeto de Aperfeiçoamento da Gestão em Atenção Primária (Agap), uma campanha de diagnóstico precoce da doença nos bairros da Regional V.
De acordo com Maria Leide Oliveira, ainda existem muitos desafios na vigilância epidemiológica. É na realização de exames e nos acompanhamento dos casos que estão as maiores deficiências. “O tempo que a doença leva para se manifestar pode ser longo. O bacilo pode ficar incubado sem manifestação durante anos”.
Apesar de os exames de contato serem realizados desde a década de 1960 no Brasil, dificilmente, a doença fica em uma só pessoa. São vários familiares, com até três gerações, acometidos pela doença. Isso porque, muitas vezes, não se fala sobre o assunto entre os próprios parentes por causa do preconceito.
Para a coordenadora do Programa de Saúde da Família (PSF) em Fortaleza, Julieta Pontes, a hanseníase é uma doença de alto poder de proliferação, mas baixo índice de manifestação. “É possível que uma pessoa tenha tido muito contato com um doente, mas não tenha sido infectado por ter alta resistência ao bacilo, especialmente quem foi imunizado pela BCG”.
Embora tenha cura e o tratamento seja breve – são necessários, em média, seis meses para administração da medicação e cura total –, a doença, ainda, precisa ser muito discutida pelos profissionais de saúde. “É necessário que os agentes saibam fazer o diagnóstico diferencial de outras dermatites”, alertou a representante da OMS.
De fácil contágio especialmente entre familiares de 1º grau e pessoas próximas, com quem se tem contato prolongado e íntimo, é uma doença que se transmite por gotas de saliva e pela pele.
MAIS INFORMAÇÕES
Neste sábado,23 de janeiro, das 8h às 17h,em todos os Centros de Saúde da Família da Regional V
Janayde Gonçalves
Repórter
em timon maranhao o nucleo do morhan em parceria com agentes de saude estao tambem realizando palestra com fantoches em bairros endemicos
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