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sábado, 31 de outubro de 2009

CONDIÇÕES SUB-HUMANA, SAÚDE INDÍGENA ESBARRA EM DIFICULDADES LOGÍSTICA E BUROCRÁCIAS, DIZ FUNASA

31/10/09 - 07h30 - Atualizado em 31/10/09 - 07h30

Avião com equipe que fazia vacinação nas aldeias caiu na quinta.
Diretor diz que vacinação reduziu mortalidade infantil entre índios.
Jeferson Ribeiro , em Brasília

Foto divulgação FAB


    Avião semelhante ao que se acidentou na Amazônia.(Foto: Divulgação/FAB)

    Segundo o diretor do departamento de saúde indígena da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), Wanderley Guenka, o atendimento à saúde nas aldeias é dificultado principalmente por dois fatores: logístico e burocrático. O distrito do Javari, localidade onde na quinta-feira (29) caiu o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que retornava do programa de vacinação nas aldeias da região, por exemplo, é uma das que tem o acesso mais difícil, porque a área demarcada é de 8,5 milhões de hectares e vivem pouco mais de 3,7 mil indígenas de seis etnias diferentes em 50 aldeias bastante dispersas.

    “As pessoas criticam a Funasa, mas tem que levar em conta as dificuldades de acesso e de atendimento médico dessas regiões. Nessa região, temos 14 equipes de saúde, que percorrem o rio atendendo as aldeias ao longo do caminho, mas nem todas são nas margens do rio e isso leva até dias”, explica Guenka.






    Localização do acidente com avião da FAB (Foto: Editoria de Arte/ G1)

    A área onde caiu a aeronave que transportava os sete técnicos da Funasa e os quatro militares da Aeronáutica é de difícil acesso pela dispersão dos indígenas. Em outras áreas, como as terras indígenas próximas ao Rio Negro, os agentes de saúde precisam transpor cachoeiras e entrar no meio da floresta amazônica para atender os indígenas.

    A dificuldade logística se tornou ainda maior nos últimos anos por conta da falta de equipamentos de transporte e comunicação da Funasa.'Blog do acs eliseu' “Não adianta ter pessoal e não ter como levar esses profissionais de saúde até as aldeias”, comenta Guenka.

    Somente no ano passado a Funasa conseguiu reequipar suas equipes com o maior montante de recursos disponibilizados para a compra de equipamentos de logística desde sua criação. Em 2008, foram aplicados mais de R$ 27,4 milhões para compra de veículos, rádios comunicadores, barcos e outros equipamentos fundamentais para o atendimento à saúde. Em 2004, o governo federal disponibilizou pouco mais de R$ 500 mil para compra desses equipamentos. s.c.a.u.e.s.i.l.e.o.b.g.o.l.d.



    Anualmente, a Funasa tem um orçamento de pouco mais de R$ 500 milhões para tratar da saúde dos indígenas. Guenka diz que não faltam recursos para a Funasa no atendimento à saúde dos índios. A maior parte desses recursos é usada para contratação de pessoal, feita invariavelmente por convênios com os municípios. Contudo, dificuldades burocráticas tornam a aplicação desse dinheiro difícil também.

    “Às vezes temos que comprar combustível para os barcos e não podemos comprar próximo da área indígena, porque temos que apresentar notas fiscais e nesses municípios distantes não há postos de combustíveis. Aí tem que comprar numa cidade maior e transportar sobre as caminhonetes”, exemplifica.


    Foto: Reprodução/TV Brasil

    Marcelo Melo e Diana Soares caminham na floresta para chegar a aldeia indígena; imagem com dois dos sobreviventes à queda de avião foi feita em agosto, em gravação da TV Brasil (Foto: Reprodução/TV Brasil )

    Segundo Guenka, desde que a Funasa passou a ser a responsável pela saúde indígena, a lei prevê que os recursos deviam ser repassados para os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis), que não levam em conta o mapa geopolítico do país, mas é baseado em critérios étnicos dos índios e a geografia das áreas demarcadas. Contudo, isso nunca aconteceu e todos os recursos para os Dseis que ficam no Amazonas vão para Manaus e não para os distritos.
    Vacinação
    Segundo ele, desde o início da Operação Gota, realizada em parceria entre a Funasa e as Forças Armadas e que tem por objetivo vacinar toda a população indígena, a mortalidade infantil nas aldeias reduziu drasticamente. O projeto funciona desde 1993.

    De 2000 até o ano passado, a mortalidade infantil indígena caiu de 74,61 para 44,35 óbitos por mil nascidos vivos. As crianças das aldeias recebem anualmente nove tipos de vacinas.
    Todo mérito do G1 Noticias!

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